sábado, 21 de agosto de 2010

Avó

O sol surge nesta nova manhã e os raios de luz que atravessam o vidro da janela vêm acordar-me. Olho ainda com dificuldade para o que está além daquele vidro. Um pequeno passarinho está pousado no parapeito da janela e agora é ele que me faz mover e levantar-me para ir em sua direcção. Canta uma melodia alegre, como que para que soubessem o quanto se sente feliz. Encantada com tudo aquilo, continuei a aproximar-me do passarinho, esquecendo a mais certa hipótese de ele voar para outro lugar. E foi isso mesmo que fez. A melodia foi-se afastando mas agora era eu que me sentia feliz. 
Ainda descalça e de pijama desci as escadas e percorri o chão gelado do corredor até à cozinha. A avó já estava acordada. O pequeno-almoço na mesa. Corri para lhe dar um beijo enquanto ela reclamava por me ver descalça naquele chão frio. Sentei-me e enquanto comia, ia contando o que tinha acontecido. Os raios de sol, o passarinho e a sua melodia. A avó sorriu. Mas fê-lo de forma diferente. Sorriu por estar realmente feliz. Tal como eu estou. Sorriu por me ver feliz. Fê-lo por me amar. Tal como fez quando me recebeu de coração aberto, quando o mundo me virou costas.
Sorri-lhe de volta. E sorrir-lhe aconchegou-me o coração.

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"Nada me prende a nada.
Quero cinquenta coisas ao mesmo tempo."